A saúde mental no Brasil vive um momento crítico, e no serviço público municipal de Osasco essa realidade é dura e evidente. A pressão por resultados, a sobrecarga de trabalho, a falta de reconhecimento e a precarização das condições de trabalho aprofundam crises silenciosas que atingem diretamente a nossa categoria.
Dados alarmantes revelam que os afastamentos por transtornos mentais cresceram 28% no primeiro trimestre de 2025 em todo o País, com a ansiedade respondendo por 90% dos casos. Mas nós do Sintrasp fomos além dos números nacionais e investigamos a fundo a realidade que vivemos aqui em Osasco.
Nossa pesquisa, em andamento com os Servidores municipais, vem confirmado o que já sentíamos no dia a dia: a saúde mental é a maior preocupação da categoria. Os relatos são unânimes em apontar jornadas exaustivas, assédio moral, pressão hierárquica abusiva e a profunda frustração de não ter recursos suficientes para lidar com demandas sociais cada vez mais urgentes.
Não podemos ignorar que, nacionalmente, 38 brasileiros tiram suas vidas diariamente, e muitos são trabalhadores que, como nós, deixaram de acreditar na possibilidade de cuidado e apoio.
ALERTA GERAL
Os números do Ministério da Previdência são gritantes: 470 mil afastamentos por transtornos mentais em 2024, um aumento assustador de 68% em um ano. Globalmente, o suicídio é a quarta causa de morte entre jovens. E em nosso município, a pesquisa do Sintrasp tem apurado os fatores psicossociais que vulnerabilizam totalmente sua saúde mental.
Isso não é um dado estatístico; é o rosto do nosso colega, o cansaço da nossa companheira. É urgente que esse panorama seja transformado com políticas públicas concretas e empatia institucional por parte da Administração municipal.
RESPONSABILIDADE
Infelizmente, muitos dos problemas de saúde mental enfrentados pelos Servidores públicos são, em grande parte, decorrentes da forma como a população os trata. Frequentemente, os usuários do serviço confundem a precariedade da infraestrutura e dos recursos, responsabilidade do governo municipal, com a atuação dos profissionais, descarregando suas frustrações sobre eles.
Essa situação é particularmente evidente nos setores de Saúde, Educação e em todos os serviços que demandam contato direto com o público. Diante disso, torna-se imprescindível que a Administração implemente políticas públicas efetivas para proteger os Servidores, incluindo campanhas de conscientização e a aplicação rigorosa da legislação que visa resguardar nossos direitos e integridade.
UM PASSO DE CADA VEZ
Além de levantar dados, o Sintrasp destaca o quanto precisamos ir além:
- Criar canais de escuta ativa e sigilosos específicos para o Servidor;
- Promover flexibilidade laboral com responsabilidade;
- Garantir acesso rápido e humanizado a tratamentos de qualidade através do plano de saúde e da rede de apoio do município.
Programas de apoio psicológico integrados à rotina do Servidor, como os destacados pela Campanha Setembro Amarelo, são mais que necessários: são um investimento. Eles reduzem os custos bilionários com afastamentos e, mais importante, salvam vidas.
O pensar que nos remete o Setembro Amarelo deve ser todos os dias. E é nosso dever, como Sindicato, ser um dos principais canais dessa ajuda. A vida de quem serve ao público é nosso maior patrimônio, e cuidar dela é um dever ético, institucional e sindical.
Juntos, podemos transformar o silêncio em esperança e o sofrimento em resiliência. O Sintrasp está na linha de frente dessa batalha.
Jessé de Castro Moraes é presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Osasco e Cotia (Sintrasp).